Levantei-me para ver que nada há que eu possa fazer para mudar de casa, — disse a mulher que não queria mudar de casa e continuou -— e, de certo modo, é isso que eu quero porque me habituei de tal modo a esta casa que chego a pensar que ela é minha e só minha ou eu sou dela e só dela.
O homem que não lia o seu velho jornal tranquilamente, por estar sempre a ser interrompido pela alta voz da mulher surda do andar de cima, levantou a voz para dar prova de vida, e disse em voz a uma certa altura:
Devias ter dito levantei-me para ver que nada há que eu queira fazer para mudar de casa.
A vizinha da casa ao lado aumentou o volume do seu som dizendo ou cantando o que era costume dizer:
Avé Maria cheia de graça o senhor é convosco bendita sois vós entre as mulheres bendito é o fruto do vosso ventre Jesus zzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzz
que só se calou quando o prédio ao lado estremeceu com um grito:
Amen.